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Foto: Allysson Marafiga/CVSM
Faz-se, antes, um corte no tempo. E se volta há exatos dois meses e dois dias. Escrevia-se aqui, então, que a Câmara estava a perder grande chance de recuperar crédito perdido junto à comunidade. Naquele momento, em que a pandemia dava seus primeiros sinais na cidade, os edis anunciavam um pacotão (por sinal, válido por 90 dias) em que, afora a já anteriormente anunciada disposição de abrir mão das emendas impositivas em favor de medidas antipandêmicas, abriam mão de parte das vantagens individuais.
Se incluíam aí o corte de 50% na cota de material de expediente, do total de diárias e de envio de correspondência via Correio. Esqueciam-se, no entanto, de avançar na possibilidade de cortes noutras despesas, como o que é gasto com cargos de confiança.
Volta-se ao presente, agora. E o que se nota? De novo, os parlamentares perdem grande oportunidade de dar um passo adiante, tratando de questões estruturais que quase se finam de tão antigas.
Sim, foram boas medidas as anunciadas, especialmente a suspensão do recesso de inverno, bem como a suspensão das sessões solenes previstas até o final do ano. Outra decisão, ainda que interessante, precisa ser relativizada. No caso, a de não reajustar os salários dos agentes políticos (prefeito, vice, secretários e vereadores) para a próxima Legislatura.
Como diria um amigo, não é beeem assim. A medida não acaba (nem poderia) com a revisão anual, a chamada reposição inflacionária e que é feita junto à discussão sobre os salários de servidores municipais. A decisão de agora é sobre aumento (ou não) real, que beneficiaria os eleitos neste ano a assumirem em janeiro. Mas, enfim, não foi algo ruim, que se diga.
A questão, aqui, é outra. Mais uma vez os vereadores perderam oportunidade de definirem regras permanentes, inclusive a questão dos Cargos de Confiança. Poucos sabem, mas o Legislativo tem mais CCs do que funcionários concursados, do quadro permanente. Beeem mais. Basta conferir no Portal de Transparência.
Também não se permitiram abolir, de vez, a quase totalidade das comendas e homenagens que, no mais das vezes, interessam apenas aos edis que indicam os distinguidos e a estes (e alguns deles, creia, já recusaram a honraria, por claramente bajulativa). E, por que não restringir o recesso de verão, abolindo essa vantagem que nenhum trabalhador no mundo tem.
Em vez de tratar disso, os edis preferiram manter as sessões presenciais (quando até a Assembleia Legislativa e o Congresso as fazem virtuais), e ninguém tira da cabeça desse filho de Dona Mafalda que é apenas para garantir mais um espacinho na TV Câmara.
Se enganam os vereadores ao imaginar que o eleitor tem memória curta. Isso é mito. Um verdadeiro mito, aliás. E as urnas irão comprovar. Pode apostar.
PS. E nem se falou aqui da sede nova do parlamento, monstrengo que nunca será terminado. Mas isso fica como último pensamento posto para reflexão do leitor.
As razões para um divórcio litigioso
O PTB foi o primeiro partido parceiro a fechar com o PDT, para a disputa municipal. Com a articulação direta do líder maior do pedetismo em Santa Maria, Marcelo Bisogno. Vem daí, inclusive, a origem do primeiro nome da aliança, Frente Trabalhista (hoje ampliado com as expressões "amplo e democrático"). Só depois vieram, pela ordem, PC do B e PSB, além das demais agremiações menores, como Prós e Avante (já fora), Partido Verde e Rede Sustentabilidade.
Posta essa situação objetiva, é possível entender o quanto foi sentida meeesmo a saída dos petebistas deste conglomerado eleitoral. Ainda mais que, com certeza, engordará coligação adversária no pleito de outubro (ou novembro ou dezembro).
Claro que o "divórcio" não foi exatamente consensual. O resultado pode ser constatado nas redes sociais, em que o até então esquecido (na hora do casório) Roberto Jefferson voltou a ser "salafrário", "mensaleiro" e outras adjetivações ligadas à palavra falcatrua.
Mas, muita gente se pergunta, afinal, o que levou ao cisma? As razões objetivas talvez nunca sejam explicitadas. Porém, a indefinição acerca do cabeça da chapa - surgida a partir da chegada de um grandão, o ex-deputado Fabiano Pereira, do PSB - é elemento importante. Inclusive porque o papel do PTB, e do próprio PC do B, naturalmente se reduziu. Isso não foi assimilado, com certeza. E pode ser a razão primeira, justa ou não, para o desenlace.
A rendição de Behr e Maretoli às redes
Há dúvidas se eles não entravam porque não queriam ou não se sentiam em condições. O fato, porém, é que, diferentemente de Jorge Pozzobom, Marcelo Bisogno (e/ou Fabiano Pereira), Sérgio Cechin e Luciano Guerra, os outros dois pretendentes já postos à disputa pelo Centro Administrativo Municipal acabam por se render.
Sim, Evandro de Barros Behr (Cidadania) e Jader Maretoli (Republicanos) também buscam um lugar para chamar de seu nas redes sociais. Onde, claro, pretendem se comunicar encontrar com (e ser procurados por) seus eleitores.
Behr, que ainda se articula em busca de alianças, fez, nos últimos dias, sua primeira postagem no Facebook mirando diretamente outubro (ou novembro ou dezembro). E se apresentando como pré-candidato. Presume-se que, a partir de agora, sua presença será mais constante. Aliás, o nome dele é muito bem-vindo nas redes, pode-se perceber. Só não é possível saber (e ele tem consciência disso) se transformar em voto.
Maretoli até tem sido mais ativo nas redes sociais. Mas isso na sua condição de pastor evangélico. Até mesmo cultos de sua igreja, nesses tempos pandêmicos, acontecem em transmissão virtual. Mas, como ele pretende ser, e assim declarou ao escriba, semana passada, o "candidato da família", certamente, logo ampliará a participação internética. A conferir.
DE SAÍDA (1)
Se aproxima 4 de julho, nova dada para desincompatibilização dos que desejam concorrer e estejam filiados a partido ao menos desde 4 de abril e com domicílio na cidade a um ano do pleito. Atinge, sobretudo, servidores públicos e cargos de confiança não ordenadores de despesa. Na prefeitura, Paulo Schuster (pasta de Desenvolvimento Rural) e Givago Ribeiro (Cultura e Esporte) são dois casos, ambos do PSDB.
DE SAÍDA (2)
Há certa dúvida acerca da necessidade de afastamento de dirigentes de Conselhos, sindicatos e entidades de representação. Um, no entanto, decidiu não dar sopa ao azar. O designer gráfico Luciano do Monte Ribas, pré-candidato a vereador pelo PT, deixará a coordenação do Conselho Municipal de Política Cultural até o fim do mês. Em seu lugar assume Aline Zuse, representante do segmento Tradição e Folclore.
DE SAÍDA (3)
Um punhado de figuras que atuam regularmente na mídia também terá de se mandar. A legislação proíbe que estejam no microfone ou na telinha após 30 de junho. A lista é grande. Aí vão alguns: Luciano Guerra e Paulo Ricardo (Medianeira), Valdir Oliveira (Nativa), Werner Rempel e Ricardo Blattes (Antena 1), Luiz Carlos Druzian (Santamariense), João Ricardo Vargas (TV Santa Maria).
APOIO
Ex-prefeito Cezar Schirmer (foto), que tem agora domicílio eleitoral em Porto Alegre, obviamente conta com vários apoiadores importantes na cidade, especialmente no MDB. Ainda assim, há quem considere seu oferecimento de apoio à dobradinha Sérgio Cechin/PP e Francisco Harrisson/MDB apenas um gesto cortez. E, creia, há gente dos dois partidos que não gostaria mesmo que ele passasse por aqui na campanha.
PARA FECHAR!
É quaaase inacreditável. Mas é verdade. Sim, há prefeitos pressionando congressistas contra a alteração da data de 4 de outubro para a eleição deste ano, por conta de um surreal argumento. Temem que, nesses tempos pandêmicos, médicos que estão todos os dias em evidência se candidatem com chance ao lugar deles. Põe interesse público nisso. Ah, que se diga, nããão é o caso de Santa Maria.